Uma alimentação equilibrada também é parte da mentalidade do yoga. Mas o que devemos e podemos comer antes e após a prática?
Você já se perguntou o que deve e pode comer antes e após o yoga? Já parou para pensar sobre a influência dos alimentos em sua jornada na busca por equilíbrio?
Te garantimos que se você ainda não fez isso, em algum momento você deverá fazer essas perguntas, e procurar por suas respectivas respostas.
Felizmente para você, estamos aqui para já te ajudar a desfazer qualquer dúvida relacionada a alimentação dos praticantes de yoga.
Praticantes de atividades como musculação muitas vezes seguem rotinas alimentares bem específicas, certo?
O combo de frango com batata doce, por exemplo, se tornou um fenômeno entre pessoas que treinam para ganhar massa muscular. E atualmente existem ainda os suplementos alimentares que ajudam a condicionar seu corpo ao melhor desempenho durante o exercício físico.
No yoga, a teoria não é muito diferente: a alimentação é sim um complemento importante para a prática.
Mas os elementos que fazem parte dessa complementação são singulares, e pensados de acordo com a mentalidade do yoga.
A prioridade é sempre a leveza, então se você está acostumado com o tal frango com batata doce, é preciso repensar o cardápio que antecede e sucede a sua prática.
Mas tudo bem, nós te ajudamos!
O que comer antes e após o yoga: vale jejum?
É isso mesmo que você leu. Dentro da disciplina do yoga, existe a prática executada em jejum.
Apesar de ser algo mais comum em países asiáticos, onde o yoga se originou, há também adeptos no ocidente que preferem praticar a atividade sem antes ingerir qualquer alimento.
A ideia não é muito incentivada em outros tipos de atividade, por isso pode causar estranheza.
Mas a nutricionista Nanda Escariz garante que o jejum é mais presente em nossas vidas do que imaginamos.
“Praticamos jejuns naturalmente enquanto dormimos e muitas religiões possuem rituais de jejum há séculos, então historicamente temos a comprovação de que não há risco em praticar yoga em jejum,” afirma Nanda.
Segundo a nutricionista, porém, há grupos de pessoas a quem não se costuma recomendar o jejum prolongado: gestantes, lactantes, crianças e idosos.
Pessoas que têm episódios de pressão arterial baixa e hipoglicemia também entram para esta lista.
Então, se você se encaixa em algum dos grupos citados, é imprescindível que priorize seu bem estar antes, durante e após a prática: se alimente bem e devidamente.
Tá, mas o que posso comer antes da prática de yoga?
A resposta é simples: alimentos leves.
Se você não pode ou não deseja aderir ao jejum antes da prática, você deve se atentar aos alimentos que consome neste período. E a escolha ideal pode variar de acordo com o horário que você reserva para a atividade.
A nutricionista Nanda Escariz exemplifica, para que você entenda melhor:
“se a prática for pela manhã, [é preciso] fazer uma refeição nutritiva e preferencialmente com alguma fonte de gordura, como o azeite de oliva”
Já para as práticas noturnas, ela aconselha frutas como o abacate e ressalta: esse lanche deve ser feito até 3 horas antes de você dormir.
Isso porque, sem um intervalo seguro entre a refeição/lanche e o horário de dormir, o sono restaurador é atrapalhado pelo trabalho de digestão. E esse empecilho acaba interferindo na metabolização de hormônios importantes para nossa saúde.
Além disso, é necessário se atentar também ao intervalo seguro entre a refeição e a prática de yoga.
Segundo a nutricionista, o intervalo depende do tipo de refeição que antecede a sua prática.
- Alimentos leves podem ser ingeridos de 30 a 40 minutos antes do yoga
- Refeições completas como café da manhã, almoço e jantar (principalmente sendo rico em fibras), devem ser feitas entre 1h30 e 2 horas antes da atividade.
Ela adiciona ainda que — independente do horário —, se sua intenção é se jogar na prática logo após de uma refeição, você pode investir em uma alimentação líquida.
“Pode ser um suco de folhosos com uma fruta de sua preferência, um açaí natural não adoçado, com uma banana, ou até um chazinho com uma colher de café de óleo de coco,” conta. O importante é que mesmo essa alimentação líquida não ultrapasse a medida de 200 ml (equivalente a um copo/xícara).
“A importância em respeitar esse tempo entre a refeição e a prática da yoga é para que a comida não pese no organismo e que a digestão não atrapalhe a prática. A depender do volume de comida, algumas pessoas podem ter refluxo, azia e até náusea,” explica Nanda.
O que comer antes e após o yoga: dietas não-carnívoras
Para muitos, dietas não-carnívoras como a vegetariana e a vegana, são caminhos quase naturais para os praticantes de yoga.
Mas o que faz desses estilos de vida tão coerentes com os ensinamentos do yoga?
Talvez quem não tenha amplo conhecimento sobre ambos os assuntos, faça conexão no que diz respeito à ideia de uma vida mais equilibrada, difundida por ambos os saberes.
E em certa medida essa é uma justificativa aceitável. Mas vai muito além, e a resposta pode ser encontrada na interpretação dos ensinamentos do yoga.
O professor de yoga Oberom, se debruçou sobre a relação entre a prática e o veganismo ao longo do livro o Vegan Yoga – O Ashtanga Yoga de Patanjali sob a perspectiva vegana.
E em entrevista ao portal Cultura Veg, Oberom explicou um pouco mais sobre o assunto.
“Toda atividade que gera sofrimento no outro, aprisiona,” afirma. E a lógica também vale quando o outro não é um ser humano, mas sim um animal.
“No alicerce da senda do yoga está esse conjunto de “normas”, que é realmente o que diferencia a/o praticante de yoga de outras práticas que envolvem trabalho físico. São elas os yamas e os niyamas, que envolvem não-violência, veracidade, não-roubar, não-promiscuidade, desapego, pureza, contentamento, disciplina, auto-estudo e sincera entrega à Consciência Maior. […] A não adoção do veganismo infringe cada uma dessas setas norteadoras,” reflete.
Para Oberom, a dieta vegana não é um pré-requisito para que alguém se desenvolva dentro do yoga, mas “é algo que infalivelmente terá que se observar com o decorrer do desenvolvimento no Yoga, pois, do contrário, se estará negligenciando seu próprio desenvolvimento dentro do caminho.”
Gunas? Entenda o que o yoga diz sobre os alimentos
Outra parte da filosofia de vida do yoga que pode não incentivar o consumo de carne é o que chamamos de gunas.
Gunas são matérias e energias que influenciam a mente de forma direta.
Segundo os ensinamentos do yoga, temos três gunas:
- Sattva, que traz pureza e equilíbrio
- Rajas, que traz mudanças e sentimentos intensos
- Tamas, que inclui em suas características a inércia e a destruição.
Na alimentação, cada um desses gunas compreende diferentes tipos de alimentos.
E pela definição acima já dá para ter uma ideia sobre o tipo de dieta incentivada pelo yoga, certo?
A alimentação sátvica tem o foco em te trazer energia e vitalidade, além de visar uma melhor digestão dos alimentos. E por isso inclui comidas como sementes, grãos, alimentos integrais, vegetais (crus ou cozidos), frutas, sucos naturais, verduras e produtos à base de soja.
Sentiu falta da carne nesta lista? Bom, a carne faz parte dos alimentos que correspondem ao Tamas, e ao lado de enlatados e produtos processados, consomem mais sua energia do que te fornecem.
Já o seu amado café corresponde ao Rajas, que compreende alimentos estimulantes.
Por definição, consumir alimentos deste grupo pode trazer inquietação e, consequentemente, desequilibrar mente e corpo — o que não combina tanto com a filosofia do yoga.
Levando em conta as questões dos gunas, a carne passa longe da alimentação ideal.
Mas, para quem não consegue deixar uma dieta carnívora de lado, seja por motivos de saúde ou de dificuldades pessoais, existe também uma outra opção.
Há praticantes de yoga que optam também pela diminuição do consumo de carne. E com isso conseguem experimentar não apenas uma prática, mas também um estilo de vida que consideram mais adequado.
O papel da alimentação no yoga
Além de definir alimentos específicos que melhor se encaixam no estilo de vida do yoga, os ensinamentos da prática abordam também o papel da alimentação para a atividade.
E, com isso, incentiva seus adeptos a refletirem sobre o que é realmente necessidade e o que é costume, quando o assunto é comida.
Para isso, é importante se perguntar: minha alimentação anda atrelada somente a sensação de prazer, principalmente o prazer imediato?
Como não só quando sinto fome, mas também quando sinto apenas vontade?
Caso as respostas sejam positivas, existe a necessidade de mudança. E você deve se atentar a outros aspectos.
É importante não somente priorizar o sattva na sua rotina alimentar, mas também reeducar sua mente para que a alimentação seja para satisfazer suas necessidades, e não suas vontades.
Outra parte importante da alimentação no yoga é o momento da refeição. Como a filosofia da prática incentiva a concentração total no agora, sua alimentação deve reter atenção plena.
E para isso vale reservar um lugar tranquilo para comer, mastigar bem e calmamente, e se permitir entender quando já comeu o suficiente.
E o que vale comer após a prática de yoga?
Esta pergunta, que foi colocada lá no início do texto, só aparece no fim deste artigo. E essa não é uma coincidência.
Isso porque, após toda a explicação sobre o papel da alimentação e as definições da filosofia do yoga, você mesmo já pode responder a essa questão.
Foque em alimentos leves e compreendidos dentro do conceito de sattva!
Vale ressaltar que, assim como no pré-yoga, no pós também existe um espaço de tempo ideal para se alimentar.
“O yoga é uma prática que envolve nosso corpo integralmente e também a nossa espiritualidade. É um momento de conexão e para que você aproveite a prática, recomendo aguardar pelo menos 20 minutos até fazer uma refeição,” aconselha a nutricionista Nanda Escariz.
Ela explica ainda que, no caso de você terminar a prática e já bater aquela fome, vale buscar um lanchinho leve, e fazer uma refeição mais robusta após 20 ou 30 minutos.
Recapitulando…
Para reforçar, vamos recapitular!
A alimentação é um aspecto importante para o estilo de vida do yoga. E para melhor aderí-lo, você deve repensar sua rotina alimentar, priorizando a necessidade, e não a vontade de comer.
Além disso, é necessário também reformular o seu consumo.
Há quem prefira cortar carnes ou ao menos diminuir a presença da mesma em sua rotina. Mas o ideal é expandir o espaço de alimentos compreendidos no conceito de sattva.
Para o pré-yoga você pode optar pela prática sob jejum. Mas caso esta não seja sua escolha, vale comer coisas leves (de 30 a 40 minutos antes da atividade).
Enquanto as refeições completas (café da manhã, almoço e jantar) devem ser feitas com 1h30 a 2 horas de antecedência.
E se a fome bater poucos minutos antes da atividade: invista em uma alimentação líquida.
Já para o pós-yoga, vale esperar de 20 a 30 minutos para uma refeição completa.
Mas se seu estômago reclamar antes disso, tenha em mente sempre a leveza. Não só a dos movimentos e do estado de consciência do yoga, mas também de sua alimentação.
E aí, você já sabe o que comer antes e após o yoga?