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Mulheres no yoga: iniciativas femininas que você precisa conhecer

Lembradas no dia 8 de março e celebradas diariamente: conheça as histórias e iniciativas inspiradoras das mulheres no yoga!


É verdade que não precisamos de nenhuma data especial para celebrar as mulheres no yoga — e em qualquer outro ambiente ou contexto.

Mas hoje vamos aproveitar a semana do Dia Internacional da Mulher para compartilhar, lembrar e enaltecer a história e iniciativas das mulheres no yoga e de mulheres que fazem história no yoga.

Para começar, vamos voltar um pouco na história e entender um mito que se instalou em torno da figura feminina dentro da prática.

O mito das mulheres no yoga: elas não podiam praticar?

Essa é uma pergunta para a qual é difícil encontrar um consenso.

Alguns estudiosos do meio acreditam que, em determinado momento, as mulheres eram impedidas de praticar o yoga, e que o exercício foi desenvolvido por homens e para homens, exclusivamente.

Mas, segundo o estudo Yoga e mulheres: uma possível história (originalmente: Yoga and Women: a possible history), de Agi Wittich, há achados arqueológicos que sugerem que as mulheres faziam parte da vida espiritual já na era antes de Cristo.

E isso incluiria a presença das mulheres também no yoga.

Existe, no entanto, um fator que nos ajuda a entender ambas as teorias citadas acima: a falta de reconhecimento das mulheres.

O problema é enfrentado por mulheres em basicamente todos os contextos, principalmente profissionais. E no yoga, quando não se reconhece a presença e contribuição das mulheres para a prática, fica realmente difícil reconhecer que sequer existiram.

Mas nem mesmo este questionamento — e a possibilidade de ser uma prática feita de homem para homem — impediu que as mulheres encontrassem o caminho para o yoga.

E com o crescimento da prática no ocidente, cresceu também o número de praticantes e instrutoras: de forma que, em muitas regiões, elas se tornaram a maioria.

Exemplos a seguir: mulheres no yoga para se inspirar

Por muitos anos, o yoga foi apresentado ao público feminino como uma forma de manter a mente e o corpo belos, distanciando o exercício de seus reais propósitos.

Mas ainda assim, elas entenderam e se apropriaram das bases do yoga para encontrar uma vida de equilíbrio. 

Com isso, foi apenas natural o movimento de romper com padrões de beleza impostos pela sociedade e até mesmo driblar condições hormonais.

Mas a contribuição das mulheres no yoga vai além destes fatores, e integra um leque diverso de objetivos e conquistas. E nesta lista te mostramos isso através das experiências de:

  • Jessamyn Stanley
  • Yoga Marginal (projeto de Tainá Antonio)
  • Roberta Perez

Mulheres no yoga para se inspirar: Jessamyn Stanley

Jessamyn Stanley é um lindo exemplo de diversidade dentro do yoga.

Ela não se encaixa dentro dos padrões de beleza e de corpo impostos pela sociedade — e até mesmo pelo senso comum do yoga. Mas isso não faz dela, nem de nenhuma outra pessoa, menos capaz de praticar o yoga.

A trajetória de Jessamyn na prática é de aceitação e inclusão. Mas antes de quebrar barreiras sociais, ela também quebrou as próprias barreiras. 

Segundo entrevista com a própria Jessamyn, sua primeira experiência no yoga trouxe tamanho desconforto — por sua idade, aparência e até mesmo pelos desafios físicos do yoga —, que ela se fechou para o yoga por sete anos.

Após este período, uma amiga insistiu para que voltasse, e foi nessa nova tentativa que Jessamyn percebeu que aquele desconforto, que a afastou da prática, era também parte de seu processo para encontrar uma harmonia entre corpo, mente e espírito.

A descoberta abriu caminhos de tal forma, que atualmente Jessamyn não só pratica como também ensina yoga.

Além das aulas tradicionais, a instrutora passou a dar aulas online e se utilizar do alcance no instagram — onde tem mais de 460 mil seguidores — para abordar temas importantes para o yoga: desde questões raciais até a auto aceitação.

“O yoga ocidental é tão branco. Você nem mesmo percebe que está esperando ver alguém branco [dando aulas] até se deparar com alguém que não é,” contou ela em entrevista à revista The Cut.

No mesmo artigo, ela defendeu ainda a importância de instrutores de todos os estilos de yoga aprenderem a trabalhar com corpos maiores e diversos.

Desta forma, para ela, o yoga pode se tornar uma prática realmente inclusiva.

Com bom humor e seriedade aliados, Jessamyn inspira, ensina e incentiva um yoga acessível para todos.

E, como ela própria diz, mesmo os pré-conceitos de seus alunos são bem-vindos em sua prática. Porque é com ela que essas noções definitivamente mudarão. Então não importa quem você seja: existe um lugar para você no yoga de Jessamyn!

“Meu objetivo é ser autêntica porque assim as pessoas podem encontrar em mim a inspiração para fazerem o mesmo”.

Mulheres no yoga para se inspirar: Tainá Antonio e Yoga Marginal

Em uma sintonia semelhante a de Jessamyn, aqui no Brasil temos o exemplo da Tainá Antonio, idealizadora do projeto Yoga Marginal.

Sua iniciativa busca democratizar o acesso ao yoga indiano e ao Kemet, um sistema de yoga desenvolvido no Egito e fundamentado na ideia de união.

E no caminho da ideia para a prática, Tainá encontrou a necessidade de um yoga que não só alcançasse a Baixada Fluminense e o subúrbio carioca, como também entendesse essas regiões e seus moradores.

Pensando nisso, ao longo de sua pesquisa de monografia, Tainá desenvolveu um guia prático formativo de meditação para escolas periféricas.

A ideia do material visava que educadores pudessem integrar, aplicando eles mesmos, a meditação e o yoga com seus alunos.

E desde 2017, o yoga marginal atua, através desse guia, em escolas públicas da Baixada e do subúrbio do Rio.

Além desse trabalho voltado para escolas e estudantes, o projeto também se utiliza das redes sociais para pensar práticas acessíveis.

No Instagram, por exemplo, há meditação guiada para quem está no transporte público, práticas para executar dentro de casa e também na laje de casa.

E é também através das redes sociais que o projeto visa criar uma rede de identificação e colaboração entre profissionais de yoga da Baixada e todos os profissionais negros do Rio, como apontou a própria Tainá em um artigo publicado na Carta Capital.

Ela explica ainda que essa integração no ambiente virtual vai além da inclusão exclusiva das regiões periféricas que o projeto já atende.

“Estamos nos esforçando na contramão para cada vez mais desmistificar o lugar exotérico e inatingível que as próprias mídias sociais disponibilizam sobre o yoga, com corpos brancos, magros e alongados como sendo os únicos sujeitos possíveis de acessar essa filosofia.”

Com pautas que vão desde racismo ambiental até a elitização do yoga, Tainá Antonio e seu Yoga Marginal inspiram e praticam mudanças de extrema importância para toda a sociedade.

Se você busca ampliar suas concepções sobre a prática, vale muito a pena conferir o trabalho dela.

“Tão importante quanto olhar para o agora e olhar para dentro, é olhar para os lados. Aqui ninguém caminha só,” resume Tainá à Carta Capital.

Mulheres no yoga para se inspirar: Roberta Perez

Outra mulher tão inspiradora quanto sua iniciativa no yoga é a também brasileira Roberta Perez.

Após ser diagnosticada com câncer, Roberta passou a se utilizar do yoga e outros exercícios para acolher mulheres que passavam pela mesma luta.

Segundo relatos da própria Roberta, via Instagram, o yoga surgiu para ela como uma terapia para aliviar os sintomas de depressão, quando passou por um segundo processo de mastectomia.

E os efeitos da prática em sua vida conseguiram mudar por completo seu olhar sobre o mundo, de forma que Roberta deixou a carreira na medicina para se dedicar integralmente ao yoga.

“É através do yoga que equilibro minhas energias e exploro meus limites, e assim tudo que antes era improvável ou impossível agora se torna tão natural que parece que sempre fez parte de mim,” compartilha em sua conta no Instagram.

Roberta atualmente é fisioterapeuta e palestrante, unindo os conhecimentos medicinais aos saberes milenares do yoga e para empoderar pacientes de câncer.

No Insta, por exemplo, ela dá dicas práticas de como aplicar o yoga em momentos como o pós-operatório da mastectomia, quando pode haver uma diferença e certa dificuldade para executar exercícios respiratórios.

E todo o seu repertório no instagram gira em torno dessa mistura entre informação, vivência e inspiração.

Desta forma, Roberta alcança não somente as mulheres que passam pelo mesmo que ela enfrentou, mas também contempla qualquer pessoa em busca de um estilo de vida onde a saúde e o autocuidado são prioridades.

E se você é uma dessas pessoas, fica a dica para conferir tudo o que Roberta Perez tem a ensinar e compartilhar.

Benefícios do yoga para as mulheres

Mulheres como Jessamyn Stanley, Tainá Antonio e Roberta Perez estão definitivamente provocando mudanças não apenas no yoga, mas também em seus praticantes.

E algo que tanto elas quanto você, leitora, — ou as mulheres de sua vida, leitor — podem experimentar na mesma medida são os benefícios que o yoga pode oferecer especificamente para a vida de uma mulher.

Aqui no blog já falamos sobre alguns deles, como a redução dos sintomas de ansiedade para mulheres na fase do climatério (período que antecede a menopausa), gestantes e até mesmo mulheres idosas.

Mas existem ainda outros benefícios para as mulheres no yoga. 

A saúde feminina pode se beneficiar da prática em diversos fatores, incluindo questões de alterações hormonais.

Durante a TPM e em casos de menopausa precoce, por exemplo, o yoga pode controlar sintomas como alterações de humor e sensações de calor.

A regularização da saúde hormonal pode ainda resultar no aprimoramento de fatores como fertilidade e gravidez.

Isso porque, com os exercícios do yoga, a mulher permite que aumente a circulação sanguínea em seus órgãos reprodutivos.

Já na gravidez, um momento naturalmente conturbado na vida de tantas mulheres, o yoga age não somente promovendo relaxamento. Os exercícios podem ajudar, de diferentes formas, inclusive no momento do parto.

Durante essas horas, a mulher precisará de um maior controle de respiração.

O fortalecimento muscular e a melhoria de flexibilidade também podem ajudar. E tudo isso é possível de se alcançar através do yoga.

Outros fatores que podem ser controlados através da prática de yoga incluem:

  • cólicas menstruais;
  • hipertireoidismo e hipotireoidismo;
  • inchaço;
  • irritabilidade;
  • prisão de ventre;
  • insônia;
  • cansaço.

Se você está pronta para dar um passo em direção a esses benefícios, uma boa notícia: o yoga te espera.

E se você já pratica e reconhece esses pontos positivos em sua vida diária: compartilhe com outras mulheres.

Algumas palavras de apoio e incentivo podem ser tudo que elas estão precisando.

Aos leitores do sexo masculino, fica a pergunta: quantas mulheres te inspiraram e continuam te inspirando na jornada por uma vida de harmonia? 

Esperamos que essa postagem tenha ajudado a enaltecer a força das mulheres no yoga.

E lembrem-se: elas devem sim ser lembradas no dia 8 de março, mas também devem ser celebradas diariamente.