Você sabia que existe uma relação entre a saúde do intestino e a saúde mental? Hoje te contamos um pouco mais sobre esse curioso fato.
Quando escutamos o termo “neurônio”, provavelmente a última coisa que vamos pensar é sobre nosso intestino. Geralmente, relacionamos esta palavra ao cérebro, suas funções e capacidades.
Mas é importante sabermos que o intestino sim é uma parte do corpo humano repleta de neurônios. Eles formam um sistema nervoso, garantindo autonomia para seu funcionamento a ponto de tornar o intestino conhecido como uma espécie de “segundo cérebro”.
Mas como é que esses dois cérebros se conectam? Eles influenciam um ao outro? Eles funcionam de forma independente?
Você encontra a resposta para essas e outras perguntas ao longo dos seguintes tópicos:
- Por que o intestino é considerado nosso “segundo cérebro”?
- O que é o sistema nervoso entérico e como ele funciona?
- Afinal, como a saúde do intestino e a saúde mental se relacionam?
- Sistemas em diálogo
- A produção de serotonina no intestino
- Intestino saudável é sinônimo de mente saudável?
- Os estudos sobre a relação mente – intestino são conclusivos?
- Como posso melhorar minha saúde mental através da saúde do intestino?
Por que o intestino é considerado nosso “segundo cérebro”?
Dividido entre intestino delgado e intestino grosso, a região que chamamos de intestino é aquela parte do corpo humano que completa o processo de digestão. É ali também que acontecem processos como o de absorção de nutrientes e o de formação das fezes.
O interessante dessas funções — que, inclusive, muitas pessoas não sabem — é que elas são executadas graças ao chamado sistema nervoso entérico. Você já ouviu falar dele?
O que é o sistema nervoso entérico e como ele funciona?
Como já falamos anteriormente, o intestino tem um sistema nervoso próprio, que permite que seu funcionamento aconteça de forma autônoma. Isso quer dizer que os neurônios presentes nesta parte do corpo compreendem o que cada estímulo significa e o que deve ser feito.
Então, vamos supor aqui que você comeu uma fruta durante o café da manhã e um hambúrguer no almoço. O sistema nervoso entérico entende as diferenças desses dois alimentos e seus processos de digestão. E, a partir disso, também sinaliza para cada parte do intestino o que deve ser feito com os nutrientes, gorduras e outros componentes desses alimentos.
Essa capacidade de compreender e acionar comandos é um dos motivos que justificam o título de “segundo cérebro” atribuído ao intestino.
Outra característica que contribui para isso é a comunicação com o cérebro e o seu sistema nervoso central.
Afinal, como a saúde do intestino e a saúde mental se relacionam?
Sabe quando você vê alguma comida que gosta muito ou que parece saborosa e, de repente, sente algo semelhante à fome? Ou quando você se vê diante de uma situação que causa ansiedade e acaba tendo problemas como enjôo ou diarréia?
Esses casos tão comuns caracterizam um diálogo entre os sistemas nervosos central e entérico. E de acordo com matéria no site da Escola de Medicina de Harvard, essas situações, em específico, ocorrem quando o cérebro envia um sinal para o intestino.
Mas, como já falamos, o intestino tem todo um sistema nervoso autônomo, e isso permite que ele também consiga emitir sinais para o cérebro. E você provavelmente consegue identificar esses sinais através de acontecimentos específicos que você já viveu.
Quer um exemplo? Vamos fazer, então, um exercício de memória. Tente lembrar: você já deixou de comer algo porque, em algum momento, comeu e passou mal? Você evita algum alimento — ou até mesmo restaurantes — porque te remete a experiências alimentares negativas?
Se você respondeu “não” para essas questões, vale buscar na memória o motivo pelo qual você não consome determinados alimentos.
Não aqueles que você simplesmente come por razões como sabor, valor nutricional, etc. Aqueles que você não como e não sabe o motivo disso.
Sistemas em diálogo
Mas, se suas respostas para as perguntas anteriores forem positivas, saiba que seu intestino andou conversando com seu cérebro.
E para muitas pessoas isso pode nem ser surpreendente. Afinal, a correlação entre um alimento e um ocorrido não muito legal fica registrada na nossa mente.
O interessante aqui é entender que o processo interno que leva a essa correlação é mais complexo do que poderíamos imaginar. E é a partir disso que conseguimos responder à pergunta inicial deste tópico.
Pergunta: Como a saúde do intestino e a saúde mental se relacionam?
Resposta: Através da comunicação estabelecida entre o sistema nervoso central (região do cérebro e medula espinhal) e o sistema nervoso entérico (aparelho gastrointestinal).
A produção de serotonina no intestino
Ainda sobre a comunicação entre esses dois sistemas nervosos, vale chamar atenção também para um fator específico: a serotonina. A substância, comumente chamada de hormônio da felicidade, é responsável, entre outras coisas, por regular o nosso humor. Isso você provavelmente já sabia.
O que você talvez ainda não saiba é que grande parte da serotonina é produzida exatamente no intestino.
E esse é outro motivo que estabelece uma relação entre saúde do intestino e saúde mental. Afinal, para que a produção de serotonina esteja em um nível bom, é preciso ingerir alimentos como frutas, verduras, legumes e sementes.
Desta forma, você melhora sua saúde intestinal e promove um ambiente ideal para a produção de serotonina, que, por sua vez, pode melhorar o seu humor.
Falando assim, até parece algo básico e muito fácil de se alcançar. Mas é preciso lembrar que doenças e determinadas condições podem alterar o funcionamento do nosso organismo. Afetando, inclusive, a produção da serotonina, por exemplo.
Além disso, vale ressaltar também que a serotonina não é o único fator determinante para uma saúde mental de qualidade.
Intestino saudável é sinônimo de mente saudável?
De acordo com matéria do The New York Times, é crescente a literatura que aponta a relação entre o microbioma intestinal e a saúde mental.
O texto indica, inclusive, que o tal microbioma pode desempenhar um papel determinante em casos de transtornos como a depressão.
Já uma matéria da BBC aponta uma correlação entre transtornos de ansiedade e a Síndrome de cólon irritável. De acordo com estudo divulgado pela publicação, uma condição não causa a outra, mas dividem as mesmas origens genéticas.
Então, a princípio, é comum que algumas pessoas pensem que cuidar do intestino seja a chave para estabelecer um psicológico mais saudável.
No entanto, precisamos lembrar também que a saúde mental vai além do bom ou do mau humor. Ela pode pode ser afetada por diversos fatores externos — até mesmo genéticos.
Por isso, uma alimentação de qualidade nem sempre significa um intestino ou mente saudáveis. Pode ser sim um passo para uma melhor saúde geral e/ou específica — intestinal e mental, por exemplo —, mas, sozinho, não é um tratamento.
Para pessoas que suspeitam de ou já têm algum diagnóstico de sofrimento mental, é imprescindível o acompanhamento psicológico.
Os estudos sobre a relação mente – intestino são conclusivos?
Antes de falarmos um pouco mais sobre a relação entre a saúde mental e a saúde do intestino, precisamos falar também sobre os estudos dessa área. Isto porque se trata de uma área de pesquisa muito recente e ainda há muitas possibilidades e teorias a serem exploradas.
Inclusive, essa necessidade de ampliar as pesquisas e de diversificar o campo de estudo é reconhecida pelos próprios especialistas da área. Afinal, até o momento, as descobertas sobre a relação entre mente e intestino atestam correlação entre seus funcionamentos. Elas apontam tendências comuns, mas não necessariamente situações concretas de causa e efeito.
Isso quer dizer que os estudos atuais não são verdadeiros? Não, de forma nenhuma. O que queremos reforçar aqui é que precisamos de mais evidências para melhor entendimento dessa relação. Somente assim será possível determinar ações mais eficazes e tratamentos que focam na melhoria conjunta da saúde do intestino e da saúde mental.
Como posso melhorar minha saúde mental através da saúde do intestino?
Como falamos anteriormente, até o momento, o cuidado com o intestino não é exatamente um tratamento para a saúde mental. Na verdade, é um dos fatores que podem nos ajudar a melhorar o nosso estado psicológico. E ainda assim, não é garantia de que funcione da forma como você espera.
Então, primeiramente, vale somar o acompanhamento psicológico ao nutricional, por exemplo. A combinação de ambas as áreas pode dar um pontapé inicial em uma ação conjunta para que você adquira novos hábitos que podem levar à melhora da saúde mental, como, por exemplo, equilibrar possíveis medicamentos e alimentação natural.
Profissionais que sejam especialistas tanto em psicologia como em nutrição também podem ajudar bastante nesse momento do processo.
Nesta leitura sugerida, no The New York Times, por exemplo, um psiquiatra conta que suas primeiras conversas com novos pacientes vão além do histórico psicológico.
Ele também busca conhecer a dieta desses pacientes, para entender quem são e como a alimentação pode estar afetando a saúde mental dessas pessoas.
Então, a lição aqui é que não basta procurar uma dieta que milagrosamente melhore seu sofrimento psicológico. O melhor caminho é aquele orientado por profissionais qualificados, com esforço ativo e tratamentos que envolvam mente e corpo.
Este texto é um material introdutório, com base em pesquisas em portais de prestígio. A leitura dele não substitui orientação médica. A Arimo incentiva que seus leitores busquem ajuda qualificada.