A Arimo traz um guia para quem deseja usar a leitura para o bem-estar. Confira como o hábito de ler beneficia sua saúde e quais gêneros podem ajudar a relaxar.
Você certamente já escutou alguém dizer que “ler faz bem”. E, apesar de quem cultiva o hábito da leitura afirmar que este realmente é um fato, podem surgir dúvidas sobre isso. Afinal, como a leitura faz bem? Qual é o tipo de impacto que o hábito de ler tem na nossa saúde física e mental a curto e a longo prazo?
Para além dos benefícios — que são explicados pela ciência e aprofundaremos mais à frente — existe ainda a dificuldade em criar o hábito da leitura. Um problema que pode estar relacionado ao gênero literário, ao dispositivo utilizado e até mesmo a falta de compreensão sobre o volume de leitura que realizamos diariamente.
Por ser um tópico rico e de forte potencial para melhorar a qualidade de vida, a Arimo traz hoje um guia de leituras para o bem-estar. Confira abaixo os tópicos que irão orientar o desenvolvimento dessa espécie de manual para te aproximar do hábito de ler.
- Por que ler faz bem: os benefícios da leitura
- Volume de leitura: estamos mesmo lendo pouco?
- Só as leituras de livros tradicionais contam?
- Criando o hábito da leitura: dicas para ler mais
- A leitura como parte da higiene do sono
- Existe um gênero de leitura melhor que o outro para o bem-estar?
- Leituras para o bem-estar: conheça gêneros literários relaxantes
Por que ler faz bem: os benefícios da leitura
Quando falamos sobre os benefícios da leitura, o primeiro que relacionamos a atividade certamente é o de adquirir conhecimento.
Novos conhecimentos e melhora de expressão
Não é necessário ler apenas não-ficção e textos e livros voltados para o ensino. A leitura de livros, no geral, nos permite aprender novas palavras e novos conceitos, além de nos ajudar a nos expressar melhor.
Esse último ponto contribui tanto para a expressão verbal quanto escrita, melhorando nossa comunicação.
Lendo, também conhecemos novas culturas, ampliamos perspectivas e exercitamos a empatia de olhar e compreender histórias diferentes das nossas.
De acordo com texto publicado pelo Ministério da Educação (MEC), isso tudo acontece porque, para compreender o que se lê, é preciso exercitar diferentes habilidades do cérebro.
Benefícios para as crianças
Essas habilidades diferentes utilizadas na hora da leitura podem ser especialmente benéficas para as crianças. Através dessa atividade elas podem aprimorar a criatividade, a imaginação e o desenvolvimento intelectual, segundo o MEC.
Os benefícios são possíveis tanto quando alguém lê para a criança quanto quando a criança lê por conta própria.
Desenvolvimento pessoal e da inteligência emocional
Independentemente da idade, o desenvolvimento pessoal e a inteligência emocional também são possíveis de se alcançar através da leitura. É o que aponta artigo da Harvard Business Review.
De acordo com o texto, isso acontece porque, ao ler, exercitamos diversos músculos cognitivos.
O artigo ressalta que esse benefício impacta indiretamente outras partes de nossas vidas. Esse desenvolvimento da inteligência emocional, por exemplo, pode nos ajudar a nos destacar profissionalmente e a estabelecer relações — de todos os âmbitos — saudáveis.
Relaxando
Com um ritmo de vida — e de leitura nas telas — super acelerado, quando paramos para ler qualquer texto tradicional, desaceleramos. E isso é ótimo para relaxarmos e sairmos desse ritmo intenso, que nos deixa em constante estado de alerta.
Volume de leitura: estamos mesmo lendo pouco?
Muito se fala sobre como estamos lendo menos atualmente. Mas será que essa afirmação se prova verdadeira diante de estudos sobre o assunto? De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, conduzida em 2019 pelo Instituto Pró-Livro, de fato há uma queda no hábito de leitura dos brasileiros.
A pesquisa constatou que há uma “tendência de decréscimo na frequência de leitura de quase todos os formatos, especialmente livros de literatura por vontade própria e livros didáticos indicados pela escola”.
Apenas 52% dos brasileiros são considerados leitores
Para o estudo, leitores são aquelas pessoas que leram inteira ou parcialmente pelo menos um livro nos últimos três meses. E, segundo esse critério, apenas 52% dos brasileiros podem ser considerados leitores. Uma média baixíssima, de acordo com o jornalista e editor Rafael Guimarães, que aponta ainda que 30% dos brasileiros nunca ao menos compraram um livro.
É claro que entra na discussão o valor dos livros, o incentivo à leitura desde a infância e a democratização ao acesso, como um todo. Mas é importante entender o cenário com dados concretos sobre os hábitos de leitura no país.
E mais importante é também reconhecer essa queda no número de leitores como um problema que necessita de solução. Começando por você, é válido se questionar sobre o quanto tem lido e o que te motiva e desmotiva em uma leitura.
Só as leituras de livros tradicionais contam?
Vale lembrar que, com smartphones e dispositivos cada vez mais inseridos no nosso dia a dia, existe um nível de leitura que acaba não sendo considerado por alguns estudos.
Estamos lendo quando estamos nas redes sociais, quando trocamos e-mails de trabalho e quando estamos visitando sites diversos. Neste sentido, é até possível que alguém leia cada vez mais palavras. Mas é preciso também analisar a qualidade desta leitura e entender como ela está te impactando.
As implicações dos diferentes formatos de leitura
No caso dos livros, é mais comum que a leitura ajude a se aprofundar em um universo literário — ficcional ou não —, ampliando seus conhecimentos e percepções.
A leitura tradicional exige uma desaceleração para que seja plena. E essa desaceleração pode ser complexa quando estamos lendo nas redes sociais e em sites. Afinal, as infinitas possibilidades das telas, notificações e textos rápidos mais nos estimulam do que nos desaceleram.
Criando o hábito da leitura: dicas para ler mais
Não importa se você nunca leu muito ou se, em algum momento, se afastou da leitura. Fato é que, para ler mais, o segredo é a criação do hábito. Mas como fazer isso?
Aos poucos e assiduamente
A primeira dica é: comece aos poucos. Para isso, vale se comprometer em ler, ao menos, cinco páginas por dia. Você pode manter esse volume de leitura por alguns dias, talvez uma semana, e aumentar gradualmente o número de páginas lidas.
A assiduidade também é importante, por isso, tente manter a leitura diária dessas poucas páginas. Se, em algum dia, só conseguir ler menos do que o estipulado anteriormente por você, também não há problema. O ponto é que você leia algo diariamente para manter a rotina de leitura.
Claro que, se por algum imprevisto, não for possível ler qualquer coisa em algum momento, não precisa se desesperar. Você pode sempre recomeçar esse processo quando necessário.
Opte por gêneros e formatos do seu gosto
Outro fator que pode te ajudar a criar o hábito de leitura é optar por gêneros e formatos que se encaixem no seu gosto pessoal. Esqueça os livros da moda, que são tendências nas redes sociais, e procure por aquilo que você realmente gosta e que possa te dar prazer em ler.
Dessa forma fica mais fácil a leitura frequente e o ato de ler pode se tornar uma atividade de lazer para você. Com isso, além de relaxar e se divertir, você pode alcançar todos os benefícios citados anteriormente: do aumento de conhecimento ao exercício cognitivo.
Além disso, uma vez que a leitura se torna um hábito consolidado, você pode, também aos poucos, encontrar novos gêneros que te interessam. A tendência é que quanto maior o volume de leitura, maior o interesse por diversificar o que se lê.
A leitura como parte da higiene do sono
Para quem busca ler mais, uma dica especial é adotar a leitura como parte da higiene do sono.
Para quem não conhece, higiene do sono é um conjunto de práticas que visam preparar seu corpo e sua mente para um sono de qualidade. E, dentro dessas práticas, é imprescindível que você foque em atividades que ajudem a diminuir o seu ritmo. Afinal, no dia a dia estamos acelerados, e, quando mantemos essa intensidade perto do horário de dormir, seu corpo pode não entender que é hora do sono, dificultando o processo de adormecer.
Considerando esses fatores, vale lembrar que a leitura é uma atividade que exige concentração total de quem está lendo. É como se o livro — ou outros formatos de textos — te convidasse a desacelerar e se entregar ao relaxamento que a leitura proporciona.
Quando a leitura é parte da higiene do sono, também é importante levar em conta onde se lê. O livro físico já nos ajuda a nos desligarmos das telas. Mas, se você prefere ler em dispositivos móveis, priorize aqueles desenvolvidos especificamente para a leitura digital.
Priorize livros físicos e dispositivos próprios para leitura
Isso porque os dispositivos para a leitura de e-books têm configurações que ajudam a simular a leitura tradicional, diminuindo os efeitos negativos que as telas têm sobre nossa mente, como o constante estado de alerta.
Existe um gênero de leitura melhor que o outro para o bem-estar?
O melhor gênero para leitura é sempre aquele que você gosta. Afinal, quando estamos fazendo algo que gostamos, somos incentivados a manter essa atividade, como já apontamos.
Por isso, é complexo cravar que exista um gênero de leitura melhor que o outro para o bem-estar. Essa definição vai depender de cada pessoa e seu gosto pessoal.
Mas há também estudos que podem ajudar a compreender a diferença entre os gêneros dentro do universo do bem-estar.
Leitura de textos ficcionais x leitura de textos não-ficcionais
Segundo a Harvard Business Review (HBR), há estudos que sugerem que a leitura de textos ficcionais pode trazer mais benefício, se comparada a textos de não-ficção.
O estudo detectou que a leitura de textos ficcionais podem ser mais eficientes para aprimorar a inteligência emocional. Através deles, a pessoa consegue melhorar a capacidade de percepção de mundo, além de ajudar a abrir a mente e a compreender o outro.
Portanto a ficção — não a ficção científica, mas narrativas imaginárias, no geral — a exercer a empatia, ampliar horizontes e até mesmo na tomada de decisões.
Claro que o estudo divulgado pela HBR necessita de aprofundamento. Só assim é possível definir que, em comparação com a não-ficção, textos ficcionais são melhores para aprimorar as habilidades citadas anteriormente. Mas essas percepções iniciais nos ajudam a entender um pouco melhor sobre essa dicotomia.
Leituras para o bem-estar: conheça gêneros literários relaxantes
Quando pensamos em gêneros literários relaxantes, novamente nos deparamos com a individualidade. É comum que diferentes abordagens funcionem de maneira diferente para cada pessoa quando o assunto é relaxamento. Mas também há gêneros que são considerados especialmente relaxantes e até mesmo aqueles desenvolvidos especificamente para quem quer relaxar.
São gêneros marcados principalmente por oferecer uma fuga da realidade acelerada e de conflitos complexos e agonizantes. Tudo isso em narrativas satisfatórias, reflexivas e emocionalmente acessíveis.
Relaxando com Healing fiction
Um gênero que vem crescendo cada vez mais e consolidando como uma leitura para o bem-estar e o relaxamento é o chamado Healing Fiction. Na tradução literal, os livros deste gênero são apontados como uma espécie de “literatura de cura”.
Esse gênero é marcado por histórias simples, personagens com dilemas de pessoas comuns e suas respectivas resoluções, e atmosfera acolhedora. Tudo isso em uma narrativa que não é acelerada, e que ilustra situações que trazem uma sensação de bem-estar.
É uma combinação especialmente interessante para quem está buscando uma leitura calma e tranquila.
Relaxando com gêneros aconchegantes
Existe ainda um universo crescente de gêneros apontados como aconchegantes (Cozy Books, no inglês), indo da fantasia (cozy fantasy) ao mistério (cozy mystery).
Os livros que fazem parte do gênero cozy — e seus subgêneros — são caracterizados principalmente por oferecer a sensação de conforto para quem está lendo.
O cozy mystery, por exemplo, entrega mistério, crimes e investigações sem focar na violência. A cozy fantasy é marcado por histórias tranquilas envolvendo magia, bruxas e seres mitológicos. E o cozy romance traz histórias românticas de casais, nas quais os conflitos se concentram menos entre os pares e mais em fatores adjacentes a eles.